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quarta-feira, 27 de abril de 2011

SER PROFESSOR...


SER PROFESSOR...

Sentimo-nos ultrajados, diante da posição do Prof. dentro da escola onde deveria ter o apoio merecido e respeitoso, direito de todo cidadão.
Ao aluno, “cidadão consciente dos direitos e deveres”, é dado todo o respaldo ao ponto de “o não”, não existir. A eles é dado o direito do desrespeito, ameaças, xingamentos, sem que “NADA” se possa fazer contra eles, “cidadãos”.
Há uma inversão de valores que vem massacrando o professor, indefeso e coagido pelo medo, apesar de preparar sua aula e tentar transmitir seus conhecimentos. Mas qual nada! O professor não vale nada!
Palavrões que ecoam pela escola e na vizinhança são normais? Ignorar a presença do educador, xingá-lo, destratá-lo, levá-lo ao estresse total a ponto de precisar ser encaminhado ao serviço médico psiquiátrico é normal?
O professor é considerado cidadão? Tem direitos humanos para ele, ou não?
Gostaria muito de saber qual a posição do professor, diante da lei, dos governantes deste país que precisa de pessoas competentes para crescer, mesmo porque amo minha profissão e por vezes tento abandoná-la. Temo por eles que estarão em desigualdade social diante daqueles que estudam em escolas particulares e são cobrados, disciplinados, preparados para o mercado de trabalho.
Sabemos que tudo lhes é permitido. Podem não saber o que se passa em sala de aula, mas o que está escrito no estatuto! Prendem-se aos direitos. Professor não pode isso, professor não pode aquilo.
Gostaria muito de saber que “cidadão” teremos no futuro!
Professores surtam nas escolas, e olha que levam com carinho sua aula planejada, mesmo porque no meio de tudo isso, há alguns que querem estudar.
Andamos com os nervos a flor da pele! Ignoramos palavrões, apelidos sempre pejorativos, piadinhas de mau gosto. Eles não fazem o trabalho que levam para casa, mas também não o fazem em sala de aula! Nem caderno, livro, lápis levam para a escola, mas verdade seja dita, todos os dias lá estão.
O futuro deles está em nossas mãos e nada podemos fazer. É uma pena!
Há de se ter uma solução!
A escola do “Hoje” não é a mesma do “Ontem”! Estamos retrocedendo? E que tanto se fala em educação neste país, mas tudo piora a cada dia.
Sem falar do salário, mesmo porque não é isso que estou pleiteando.
Queremos respeito! Nosso direito de cidadão brasileiro que há muito nos foi roubado.
Somos cobrados cada dia mais e mais em nossos deveres, mas não nos dão os nossos direitos.
Há inversão de valores dentro duma sociedade desregrada, com a marcante ausência familiar, que sobrecarrega a escola. O educando chega à escola sem nenhuma bagagem ética e moral ou noção de limites de convivência.
Chega com poder absoluto: desrespeitam funcionários, depredam o patrimônio escolar, desperdiçam merenda, enfim, fazem o que querem e o professor se sente impotente.
Obs: Diante de agressões constantes por gangues, o diretor que tentava organizar uma “ESCOLA”, não aguentando a pressão, teve um A V C dentro da escola. Isto é apenas um fato. Existem milhares de casos diversos.
Mesmo assim, muitos ainda falam: A culpa é da escola, a culpa e dos professores.

Respeito ao Professor !!!





Quem, entre nós, hoje em dia, está ensinando que professor é para ser respeitado? Quem mostra a quem nunca teve professor quanto vale ter um? No Japão, por exemplo, os mestres sempre foram reverenciados. Conta-se que o professor era o único profissional que poderia permanecer de pé ao falar com o imperador, sem precisar cumprir o ritual de se ajoelhar perante sua autoridade. Numa sociedade hierarquizada como a japonesa, foi o maior sinal do respeito com que o imperador demonstrou ao seu povo como se deveria tratar o professor.
Respeito é um valor social que as lideranças têm o dever de transmitir: como respeitar a bandeira nacional, saber cantar o hino da pátria, servir ao país, e assim por diante. Dirigentes de um país que veem no futuro uma promessa fazem o magistério ser respeitado - nem que seja no interesse deles, dirigentes.
Os que não fazem isso se descomprometem com o futuro do país que governam, traem a sua missão ou têm projetos inconfessáveis.
O nosso magistério não é tudo o que queríamos, podem pensar eles.
Pouco importa, é o magistério que temos.
Nossos filhos e netos precisam dos professores que temos hoje, e dos seus sucessores que estão sendo formados agora. E precisam saber que todos eles devem ser respeitados para ter êxito em sua tarefa. Para isso, a função social do magistério precisa ser dignificada, para que em cada geração muitos se interessem e se realizem nessa atividade.
Respeitado aqui não quer dizer apenas ser “bem pago”. Salário, por mais alto que seja, não traz respeito - mas respeito valoriza o salário. A luta que se reconhece no dia a dia das escolas não é só pelo salário do magistério, é por respeito à função social do professor. E esse respeito vem do que se vê na atitude de figuras públicas em relação ao magistério. Nessa hora, na falta de outros exemplos, é mais que bem-vinda uma novela que levante o tema: pela ótica da ausência do respeito, pode ser que alguém se toque! Toda autoridade pública, aclamada ou não nas pesquisas de opinião, tem hoje responsabilidade direta em demonstrar respeito ao magistério. Presidente, governadores, prefeitos, ministros e secretários, deputados e senadores, sindicatos, artistas, jogadores de futebol podem ajudar mostrando que professor é para ser honrado e agraciado com formas de reconhecimento público, medalhas e honrarias. Tudo serve, e nada é demais.
Não há nada de novo nisso. Assim se fez durante muito tempo, quando poucos tinham acesso à escola e o professor era respeitado. Agora, universalizado o acesso à escola, parece que quem tinha exclusividade no acesso à educação prefere desmoralizá-la, já que está disponível a um maior número de pessoas.
E, para isso, desmoralizam também o magistério, dizendo que é ruim e não ensina nada, como é corrente ouvir hoje em dia por parte de autoridades e organizações que têm o dever de zelar pela educação e pelo magistério.
Se queremos educação de boa qualidade, comecemos por respeitar o que temos hoje. Ninguém melhora o que não respeita, ninguém se esforça para melhorar o que não considera, ninguém trabalha em favor do que acha não merecer. Temos muito a melhorar em matéria de ensino, de formação do magistério, de gestão de redes públicas de escolas, de utilização racional de recursos públicos e privados na área da educação. E reconhecer o que já foi feito, por mais insuficiente que pareça aos que se veem mais do que são, é fundamental.
A novela toca no eixo da questão: sem respeito em sala de aula, ninguém ensina, e ninguém aprende nada.
Sem respaldo público e generalizado, aprender e ensinar não ganham o respeito público de quem não sabe o que é uma coisa e outra - ou não se interessa pelo êxito de ambas.
O fato é que nada nunca melhorou só porque se falou mal do que se faz, a pretexto de que se quer fazer melhor.
Fonte: Jornal o Globo

sábado, 23 de abril de 2011

Sabedoria de Avó



Quando eu for velhinha, espero receber a graça de, num domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá.
Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado.
Tenho umas coisas pra lhe contar.

E assim, dizer apontando o indicador para o alto:

- O nome disso não é conselho, isso se chama colaboração!


Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões.
E agora, do alto dos meus 85 anos, com os ossos frágeis, a pele plácida, e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta de saudável e forte.


Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração.
Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
Satisfaça seus desejos.
Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá fazê-la crescer, mas a escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.

Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.
Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos.

Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.
Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito...
"Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.
Tenha uma vida rica de vida! Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável.
Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.

Se for se casar, faça-o por amor.
Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém um pouco diferente de você.
Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão.
É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.

Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação.
Leia. Pinte, desenhe, escreva, trabalhe.
E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, faça-o por mim.

Compreenda seus pais.
Eles a amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Não cultive as mágoas - porque se há uma coisa que eu aprendi nesta vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.

Era só isso minha querida.


Agora é a sua vez.


Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?